Forbes 2000
Em um minuto, Britney Spears estará ao vivo em cadeia nacional. Agora ela está bocejando. “Eu não dormi o bastante”, ela diz, um pouco educadamente, esperando nos bastidores do The View, da ABC. Então, ela fica em frente à câmera e surpreende em impecáveis 5 minutos: ela se desvia de dúvidas sobre sua vida amorosa, conta uma piada ensaiada sobre cow-tipping (uma brincadeira de dormir) e demonstra um exercício de yoga. Quando sai do palco, Spears dá um autografo para Sigourney Weaver (“Meu filho é um grande fã”, explica a atriz), reúne sua equipe e vai embora em uma van branca. Britney tem 18 anos.
O show business é fácil para Spears. Aos 9 anos, ela estava vencendo shows de talento. Aos 10, ela estrelou uma peça off - Broadway. Aos 11, foi o Clube do Mickey. Aos 15, ela conseguiu um contrato com uma gravadora. Ano passado, empacotada como a “garota da porta ao lado”, ela vendeu 11 milhões de cópias do seu álbum de estreia nos Estados Unidos, mais do que qualquer outro artista solo. Seus ganhos em 1999: $15 milhões.
Credite algum do sucesso dela a um bom timing. Spears canta suavemente músicas agitadas sobre adolescentes em uma época que música agitada e suave é popular de novo, e quando há mais adolescentes — 31 milhões — do que houve desde que os baby boomers eram adolescentes. Credite o resto ao esforço.
Mas agora vem a parte difícil. Muitos artistas têm grandes primeiros discos. Apenas alguns constroem carreiras lucrativas. Spears tem dois desafios: acumular sua fama com grandes ganhos, rapidamente, e apostar nas bases de um longo reinado.
Seus fãs fazem a primeira tarefa fácil. Crianças são compradoras ávidas de álbuns — pessoas abaixo dos 19 anos são a maior porcentagem de consumidores de música. Melhor ainda, eles (ou seus pais) são compradores ávidos de tudo, até bonecas da Britney. Ela deve lucrar no mínimo $15 milhões com eles esse ano. Crianças também adoram shows. Então a SFX, promotora de shows, garante a ela no mínimo $200.000 por show para uma turnê de 100 shows. E publicitários amam qualquer um que as crianças amam. Spears negociou a quantia de $6 milhões com as campanhas da Clairol, Palaroid e Got Milk?.
“Nós vamos estimular os produtos dela, e ela vai estimular os nossos produtos, e todo mundo ficará feliz”, diz Larry Lucas, o gerente sênior dos produtos da Clairol.
Há o dinheiro da música em si. Ela assinou com a Jive em 1997, e sem nenhuma faixa gravada, foi paga em conformidade: $250.000 de adiantamento e royalty, depois dos gastos, de menos que $1 por disco vendido. Estrelas como Madonna ou Celine Dion comandam royalties de $2,20 ou mais.
Mas antes do próximo álbum de Spears ser lançado em maio, seus empresários tentarão renegociar com a Jive. Como muitas gravadoras, a Jive tem opções de alavancar cada álbum que ela faz, mas nenhuma obrigação de aumentar seu pagamento. O empresário de Spears, Larry Rudolph, está apostando que a gravadora aumentará — seja pela concessão de pagamentos adiantados multimilionários, aumento dos valores de royalties, pagamento da maior parte dos gastos promocionais ou todas as alternativas anteriores — nessa ordem para manter um artista lucrativo feliz.
Talvez sim, talvez não. Clive Calder, proprietário da Jive, é conhecidamente um negociador firme. “Clive”, diz um advogado que negocia com ele, “não doa gelo no inverno.”
Toda essa negociação ocorrerá longe dos olhos de Spears e seus pais, que ainda vivem em Kentwood, La. “Larry lida com os assuntos financeiros”, diz Spears.
Isso não deveria ser uma surpresa. Spears conhece o negócio, mas ela ainda é uma adolescente. Ela não entende que ela não comprou sua nova Mercedes, mas sim a arrendou. Quando ela senta para o almoço em um restaurante de Nova York, ela joga fora o chiclete e gruda no prato.
Mas ser uma adolescente dá a Spears uma vantagem em relação a sua imagem, uma mistura de ousadia e simplicidade, que é seu maior apelo. “Ela sabe exatamente o que seu público quer”, diz Rudolph. “Ela é seu público.”
Quando os executivos da Jive explicaram os planos para seu primeiro videoclipe — uma Britney super heroína lutando com monstros em animação — ela recusou: “Eu disse ‘não, eu não posso fazer isso’. Estava fora de cogitação”. Ao invés disso, Spears sugeriu um vídeo onde ela e um grupo de dançarinos dançasse por uma escola. Os resultados venderam discos e criaram polêmicas, especialmente as cenas as quais ela veste um uniforme de estudante Católica com a blusa amarrada acima da barriga. Foi idéia dela também: “Eu achei que os jovens iriam gostar mais se amarrássemos nossas blusas.”
Assim como o primeiro, o novo álbum foi feito pelos consistentes produtores e compositores da Jive, muitos deles também trabalham com Backstreet Boys e 'N Sync. Mas será inclusa Dear Diary, a primeira música que ela escreveu.
A idéia, Britney diz, é ter uma carreira como a de Madonna, que ainda vende milhões mesmo 17 anos após seu primeiro hit. “Ela sempre está à frente de seu tempo.”
Spears precisa correr. Há ao menos três cantoras seguindo seus passos e estilo. E o estilo pop em que é especializada está perto do fim do ciclo de vida.
Mas isso é uma outra coisa legal em ser adolescente, mesmo para uma astuta showwoman: você pode recorrer ao otimismo. “Contanto que eu tenha fãs, e eles queriam me seguir”, Spears diz, “Eu não acho que terei algum problema”.
Lançamento: março/2000
Autora: Peter Kafka
Tradução: Daves Dylan
Fotos: Darryll Estrine
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